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Gessinger inicia tour do Não Vejo a Hora

Porto Alegre, 9 de novembro de 2019. No caminho até o Araújo Vianna, liguei para minhas pequenas que estavam bem longe daquela capital gaúcha para ouvir se estava tudo bem. Liguei o Spotify e a canção “Bem a Fim”, que está no disco “Não Vejo a Hora”, do Humberto Gessinger, parecia dizer que não sou o único à espera de “um tudo bem” de alguém que se ama muito. Chegando na casa de show, vários fãs desfilavam com camisetas dos Engenheiros do Hawaii e de Humberto Gessinger. Não era por menos: era a noite de estreia da tour “Não Vejo a Hora”, o recente trabalho de Gessinger.

A estrutura do Araújo impressiona. E saber que por algum tempo não havia cobertura. O público vai chegando e formando grupos que se encontraram em outros shows, outras tours. Gente de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e tantos outros estados se abraçavam e arriscavam palpites do set list. Às 21h15 as luzes se apagam e é anunciado o show. Um Humberto Gessinger sorridente com um violão entra no palco acompanhado de Nando Peters no baixo acústico e Paulinho Goulart no acordeon, o “trio acústico”, como vem sendo chamado. Atrás, o cenário trazia rascunhos da torre que está na capa do novo disco. “A Montanha” abre o show, seguido de “Ando Só” e “Pra Ser Sincero”. Humberto, muito bem humorado, relata o plano de voo da noite e brinca com o “alemão” dos Engenheiros do Hawaii”, que segundo ele, não entende muito suas letras. “Bem a Fim” é a primeira do disco novo a ser tocada. O papo agora é sobre o Rock dos anos 80. Gessinger diz que tem orgulho de ter feito parte, mas não tem saudades. O elogio às bandas daquela geração é a deixa para “Índios”, canção da Legião Urbana. “Pra Caramba” e “Cadê”, singles lançados anteriormente, precedem a clássica “Terra de Gigantes”, com muitos amigos de Porto Alegre cantando junto. “Estranho Fetiche”, outra do disco novo, dá sequência ao show e “3X4” fecha o set acústico.
Gessinger, carregado com baixo de seis cordas, agora está acompanhado pelo “power trio”: Rafa Bisogno na bateria e Felipe Rotta na guitarra. “Missão”, composição de Humberto e Duca Leindecker, a dupla do Pouca Vogal, abre a nova etapa do show. Em seguida, as já conhecidas “Pose”, “Bora” e “Surfando Karmas & DNA”. Mais uma do novo disco “Calmo em Estocolmo”. “Dom Quixote” e mais uma nova: “Partiu”, que abre o disco. As novas músicas se encaixam muito bem neste quebra-cabeça de mais de 30 anos de carreira de Humberto. “Eu que Não Amo Você”, “Tudo Está Parado”, “Vida Real” e “Refrão de Bolero”, com citação de “Piano Bar” fazem o público cantar. Agora é a vez da “Um Dia de Cada Vez”, a segunda canção do novo disco. “Armas Químicas e Poemas” abre a sequência de hits, seguida por “Somos Quem Podemos Ser”, “Toda Forma de Poder” e “Infinita Highway” encerra o show. O público que encheu o Araújo pede e Humberto, com os dois trios junto, voltam ao palco com “O Preço” e “A Revolta dos Dândis”.
No camarim, Gessinger parecia realizado, um menino começando uma nova etapa. O ponta pé inicial da nova tour foi golaço. Um novo jogo que está só começando.

Fabricio Mazocco é jornalista, doutor em Ciência Política, professor universitário, fã de rock e criador do blog Rock 80 Brasil.