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O retorno de Licks & Maltz

Fabricio Mazocco

Quando foi anunciado, em fevereiro, o show que reuniria Augusto Licks e Carlos Maltz, integrantes dos Engenheiros do Hawaii, junto com a banda cover Engenheiros Sem Crea, liderada por Sandro Trindade, a internet entrou em colapso. Motivo tinha de sobra: aquela formação, que levou o grupo Engenheiros do Hawaii à elite do rock nacional, havia terminado no dia 28 de novembro de 1993, de forma que deixou dúvidas, depois esclarecidas nas biografias da banda (Alexandre Lucchese) e do Augusto Licks (este que vos escreve e Silvia Remaso); Humberto Gessinger, Licks e Maltz não se viam desde 1995, quando se encontraram em um tribunal.

Os ensaios aconteceram na semana que antecedeu ao show, com Maltz e Licks próximos e felizes como nunca. Maltz disse que já tinha desistido dessa reunião e que achava que só iria acontecer em uma próxima encarnação. Ainda bem que não.

A pergunta: Humberto participaria? Segundo Sandro, o convite foi feito, mas não teve resposta. De qualquer forma, o encontro de Licks e Maltz era mais que motivo suficiente para tirar os fãs de casa. E eles, os fãs, de todo o país mesmo, se encontraram nesta noite de 21 de abril, no Bar Opinião, em Porto Alegre (não poderia ser em outra cidade). Zi Pitz, a fã mais mineira da banda e que já viu GL&M no palco, foi a primeira a chegar na fila. E assim tantos outros chegaram e a ansiedade aumentava a cada minuto.

Bar Opinião lotado. Ao fundo do palco o L e o M. Uma esperança dessa reunião da formação clássica (parte dela, ao menos) de mais de 30 anos se realizando. Luzes se apagam e o público se emociona com a entrada de Licks e Maltz no palco. “Toda Forma de Poder” abre o set list, na versão do disco “Alívio Imediato”, com Sandro no baixo e voz. Arrebenta Maltz! Muita emoção. Em seguida “Variações Sobre o Mesmo Tema”, com Augusto Licks cantando a segunda parte (provavelmente a primeira vez que ele canta ao vivo!) com todos no Bar acompanhando. Quem não chorou até este momento, chorou agora! “Revolta dos Dandis I”, na versão do disco Alívio prossegue o show, com Augusto repetindo o acompanhamento nos teclados.

Sandro já havia prometido surpresas no set list. A próxima foi uma delas: “Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora”, umas das últimas composições Gessinger/Licks, nunca havia sido tocada ao vivo. Agora foi! Augusto troca de guitarra, pega a de 12 cordas, para a clássica “Muros e Grades”. “Somos Quem Podemos Ser”, na versão da tour O Papa é Pop, dá a sequência e faz os fãs viajarem mais de 30 anos. Versão perfeita! E aí é pra arrebentar: “Terra de Gigantes” e o solo impecável de Augusto, na versão como foi tocada no Rock in Rio, com Sandro no piano.


“Pra Ser Sincero” dá sequência (versão original) e “Refrão de Bolero”, na versão da tour da Várias Variáveis, com Besame Mucho na guitarra. Augusto faz o teclado em “Alívio Imediato” e alguém grita: “assim não aguento!!!”. Depois “Nau à Deriva”, “Ando Só”, “Exército de Um Homem Só” e “O Papa é Pop”. “Era um Garoto…” fecha o show…ou quase. Claro que tem o bis e nada melhor que “Infinita Highway” para fechar a noite.

Com certeza foi uma noite memorável para Augusto Licks e Carlos Maltz, que mostraram que estão muito bem, obrigado, e felizes por esse encontro; para Sandro Trindade que foi o grande arquiteto desta reunião; e, principalmente para os fãs de todos o país que puderam ver parte da clássica formação novamente reunida.

Perguntar não custa nada: Teremos mais shows como este pelo país? Tem que ter: os fãs dos Engenheiros do Hawaii merecem!!!!!

Um obrigado especial ao Márcio, Abina, Cássio, Sandro, Zi, Augusto, Carlos e todos fãs do Brasil!

Fabricio Mazocco é jornalista, doutor em Ciência Política, professor universitário, fã de rock e criador do blog Rock 80 Brasil.