/Entrevista – Rodrigo Tavares

Entrevista – Rodrigo Tavares

Quando os Engenheiros do Hawaii faziam shows no Sul, na plateia, entre tantos meninos, havia um que sonhava em um dia, quem sabe, talvez, tocar ao lado de Humberto Gessinger. E não é que esse menino, o Rodrigo Tavares, conseguiu?! Além de tocar no novo disco do Humberto Gessinger, “Insular”, e fazer uma composição em parceria, também está acompanhando-o em sua turnê. Em entrevista exclusiva a Ellen Visitário, do blog Rock 80 Brasil, Rodrigo Tavares conta esse seu atual momento, sobre sua canção em parceria e mais um bocado de coisa. Como prefere o áudio em vez da escrita, confira também logo abaixo as respostas gravadas pelo multi-instrumentista. Dá-lhe Tavares!

É evidente a sua admiração pelos Engenheiros do Hawaii. Agora que os tempos são outros e você segue estrada com o Humberto Gessinger. Poderia nos detalhar como foi feito o convite em dividir o palco com o seu ídolo?
Tavares – Sobre o convite de tocar com o Humberto, acho que foi feito em novembro de 2012. Foi mais ou menos depois gravarmos juntos “Tchau Radar, (A Canção)”. Ele mandou e-mail me convidando para fazer a turnê com ele e eu aceitei na hora! Não teve nenhum teste, não teve nada disso. Ele já sabia como eu tocava. Eu já o conhecia desde criança. Foi muito bom! Era o meu sonho tocar com o cara! O convite rolou meio que de surpresa e foi uma das melhores surpresas que eu tive. Com certeza!
Você teve a chance de compor a música “Tchau Radar, A Canção” junto com o Humberto Gessinger. Como você aderiu às diversas reações dos fãs, tanto os seus quanto os do Gessinger, sobre esta composição?
Tavares – “Tchau Radar, (A Canção)” foi um convite do Humberto também. Eu nunca tinha falado com ele pessoalmente, nem pelo twitter, nem por nada a não ser por menções.  E segundo ele, ele sacou o meu trabalho, ouviu alguma coisa, e ele já tinha uns rabiscos do que era a letra “Tchau Radar, (A Canção)”, mas não tinha melodia. E então ele me convidou, e eu alterei uns pedaços da letra, mandei uma melodia pra ele já cantada. Já tudo meio pronto! Ficamos mais ou menos num processo de três semanas falando todo dia por e-mail até ter uma gravação final da música, que saiu em fevereiro de 2012. A princípio foi mais interessante pros meus fãs. Já os do Humberto demoraram um pouco para ouvir a música porque foi lançada em meu nome e teve a participação dele. Depois que foi gerar curiosidade dos fãs do Humberto. Muito do público mais velho não me entendia pelo meu trabalho na Fresno. E enfim, acho que foi uma grande quebra de barreiras porque a música acabou dando muito certo e tem o “meu braço inteiro” nessa música. Consegui fazer com que os meus fãs gostassem de outra coisa que eu fiz, que falasse de outra coisa com um cara que eu sou fã há muito tempo e muitos deles não o conheciam mesmo assim. E vice-versa, pois comecei mostrar o meu trabalho pros fãs do Humberto que, na verdade, são pessoas iguais a mim que também são fãs dele. Mas eu acho que “Tchau Radar, (A Canção)” foi o ponto mais importante para que um dia ele me chamasse pra tocar com ele, e ali ele ganhou uma confiança em mim, e me botou à prova. E sou feliz pra caralho com isso!
Voltando às origens, um dos nomes sempre lembrados nos Engenheiros do Hawaii é o guitarrista Augusto Licks. Qual é a sua relação entre as suas influências musicais e inspirações com um dos grandes integrantes que já passou pela banda?
Tavares – Eu sempre respeitei o trabalho do Licks, o segundo guitarrista. Embora eu não fosse o maior fã dele na época. Eu sempre gostei muito do jeito que ele arranjou as coisas. E tem coisas dele nos Engenheiros marcantes, mas também acho que tem muita coisa que o Luciano Granja fez que é marcante e muita coisa que o próprio Humberto fez que é marcante. Não gosto de botar responsabilidade sobre méritos das coisas num cara só, mas gosto muito do trabalho do Licks, mas o meu guitarrista preferido nos Engenheiros é o Granja. Eu sei que o Licks teve uma história importantíssima nisso e que ele acabou criando muitas coisas com os caras. Foi responsável pela coautoria de grandes sucessos da banda. Então eu tenho um grande respeito por ele, embora não seja um dos guitarristas que me inspirou pra tocar e nunca fui a fundo também do trabalho dele. Eu era mais fã do Humberto, do que o Humberto escrevia, do que a musicalidade na verdade dos Engenheiros. Eu acho que me interessei mais pela musicalidade dos Engenheiros com o Adal, Lúcio e Luciano, embora eu fosse fã da banda há muito tempo, mas eu respeito muito o Licks, e que ele tem um trabalho muito importante na guitarra do Brasil, e que tem muitos fãs. É uma coisa corriqueira em me perguntar sobre o Licks e o que eu acho dele. Bom, eu vi ele tocar ao vivo? Nunca! Só vi depois no youtube, coisas assim. Achei ele um guitarrista interessante. Mesmo assim sendo um guitarrista de rock na época, ele conseguiu transpor bem o que ele sabia, o que tinha feito nos anos setenta em Porto Alegre, tocava com o Nei Lisboa, ter feito “paralelo trinta”, tudo isso! O cara tem uma certa importância. Depois da saída dos Engenheiros, eu nunca ouvi mais nada dele, eu nunca ouvi falar mais nada dele. Alguns fãs me dão notícias dele, têm contato. O que eu posso dizer é que ele marcou a história dos Engenheiros, mas assim como o Luciano Granja também. Eu não consigo diferenciar os dois.

Atualmente o Humberto Gessinger segue carreira solo e seu mais novo disco, “Insular”, já está sendo consagrado pelos fãs, pela mídia, e até mesmo pela crítica. Você conseguiria dimensionar descrevendo sobre a repercussão deste novo trabalho, em que você e o Rafael Bisogno fazem parte?
Tavares – O Humberto fez, finalmente, o disco dele solo com um nome solo. Embora tivesse o “Gessinger Trio” antes, era quase uma banda o “Gessinger Trio”, agora veio com o Humberto Gessinger solo e que teve muitos convidados e convidados importantes. Mas eu e o Rafael sentimos parte disso porque além de ter gravado algumas músicas do disco com ele, a gente esteve presente no processo de criação e a gente é a banda que o acompanha. Eu me divirto mais porque me acho importante pra falar a verdade, acho mais divertido o que eu faço do que outra coisa, quem sabe mais importante acho que é a fase da vida agora. No palco eu olho mais pro lado pra ver o Humberto tocando do que pra frente vendo o público, e tenho uma grande admiração por ele como todos os fãs. Eu me sinto importante por estar na estrada com ele, por estar mostrando esse disco junto com ele e por ter me escolhido pra isso, e por ter escolhido o Rafael também. Creio que a gente não o desapontou ele e nem os fãs. Então estamos aí pra dar todo apoio a ele.

Como foram as suas experiências gravando o “Insular” ao lado de Humberto Gessinger, álbum que conta com grandes ícones da música regional gaúcha.
Tavares – Gravar o Insular foi muito legal porque cheguei no estúdio com a guitarra e eu perguntei o que o Humberto queria que eu fizesse. Ele falou: “o que tu quiser fazer!” – Então ele me deu uma liberdade de escolher as coisas e poder botar a minha cara também. Eu não fui lá no estúdio como um “contratado”, para ver como é “fazer isso, fazer aquilo” porque eu acho que ele poderia fazer isso também. Acho que ele nos chamou pra cada um deixar a sua impressão. Espero gravar mais coisas com ele, mais impressões ao lado do Humberto. O “Insular” já é uma grande vitória na minha carreira, pois pro resto da minha vida vou ter uma coisa gravada com o Humberto e isso ninguém apaga. “Vou ter um disco ao lado dele, uma turnê, vou ter vários shows ao lado dele”. Isso ninguém vai apagar também! Então me divirto. Eu aproveito sem nunca deixar de ser fã e sem nunca deixar de admirar o que eu estou fazendo. E espero que isso dure por muitos anos, que não seja só “mais uma Copa do Mundo”. Enfim, gosto muito do que estou fazendo e gosto muito do Humberto, gosto muito de ter participado do disco, gosto muito da turnê e espero que não acabe nunca e se tiver que acabar, foi muito bom!
  

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