Ele é dos maiores nomes do nosso Rock 80 Brasil, participou de uma das maiores bandas do Rock 80 Brasil, e até hoje continua fazendo rock e poesia pra ninguém botar defeito. Uma hora alguém iria homenageá-lo. E chegou essa hora. A cantora e compositora Anna Ratto lança no dia 29 de outubro o álbum “Contato Imediato – Anna Ratto visita Arnaldo Antunes”. Para sentir o gostinho do que vem por aí, a cantora está lançando singles. Na última sexta-feira, ela lançou a canção “Ela é Tarja Preta”, a quarta faixa do álbum “Disco”, de 2013, do Arnaldo Antunes. E nessa canção Anna e Arnado fazem um dueto sob a regência do produtor Liminha. O Rock 80 Brasil conversou com a cantora sobre o single. Confira a seguir:

Rock 80 Brasil: Como surgiu a ideia da parceria?

Anna Ratto: Esse é o segundo single que lançamos do meu novo álbum, dedicado exclusivamente a canções do Arnaldo. Meu primeiro disco, pura e unicamente como intérprete. Tava com muita vontade de fazer um projeto assim e escolhi um artista que me fosse representativo. Arnaldo é, pra mim, um dos artistas de maior relevância pra nossa música, pros nossos tempos (e todos os tempos).

Rock 80 Brasil: Como foi o convite para cantar juntos?

Anna Ratto: Convidá-lo para participar sempre esteve nos meus planos/‘sonhos’. Quando gravei essa música, eu tive a intuição de que seria nela! Podia quase ouvi-lo cantando comigo. Vê-lo dançando, aquela dança “toda dele”. Mandamos a faixa, através do Liminha, produtor desse disco e parceiro dele, de outros tantos “carnavais”… A resposta foi incrível! Ficou super empolgado, fez muitos elogios, topou, de pronto. Alegria e honra!

Rock 80 Brasil: Em tempos de pandemia, como foi a gravação?

Anna Ratto: O tom dele é o meu. O que facilita tudo. Mandamos a faixa aberta. Ele gravou em Sampa e mandou de volta (Santa tecnologia!). E editamos por aqui. Teremos videoclipe também! Da mesma forma. Mandamos a ideia, ele gravou e estamos editando. Concepção do maravilhoso Pedro Colombo, que faz um trabalho lindo de recortes e animação. Mas na hora boa, esse encontro presencial há de rolar! Temos nos falado. Arnaldo é de uma doçura e gentileza admiráveis. Não bastasse a genialidade… Mal posso esperar!

Rock 80 Brasil: A música parece trazer uma influência jovem guardista, do iê iê que Arnaldo sempre trouxe com ele.

Anna Ratto: O Liminha arrasou demais no arranjo! Mantivemos o andamento animado, mas ele entrou com essas guitarras, dando esse tom psicodélico, meio Tarantino, meio surf music! E, sim, esse beat festa. Ficou super astral! Música pra bombar na pistinha! Rsrs

Rock 80 Brasil: Quem é ela, a da tarja preta, qual sua representatividade no universo feminino?

Anna Ratto: “Ela é Tarja Preta” é uma brincadeira pra falar de uma mulher que, para os olhos mais conservadores, parece meio “em surto”, sem censura, “despudorada”, que chega abalando no salão, rebola até o chão, livre, chama a atenção, mexe com as cabeças e os corações. E também com as relações. Rs Achei importante uma mulher cantar e incorporar, de certa forma, essa figura, essa liberdade, esse empoderamento que estamos ainda pelejando pra conquistar, sem olhares preconceituosos. E a música é uma delícia! Empolgante, divertida. Tem essa malícia gostosa! A gente imagina toda a cena. Entra na dança. Foi das primeiras da minha lista, quando pincei canções pro disco. E a participação do Arnaldo, muito mais que a cereja do bolo. Um aval maravilhoso. Sensação de missão cumprida.

Rock 80 Brasil: Como é assinar um trabalho junto com o Arnaldo?

Anna Ratto: Uma honra. Uma emoção. Arnaldo é um dos nossos artistas mais fundamentais e interessantes. Um dos nossos gigantes! Mais realizada, não posso estar…