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Nova tour Gessinger

Textos e fotos: Ellen Visitário – especial para o Rock 80 Brasil

Vou começar afirmando que 40 anos de trajetória não são quarenta dias. Por isso, Humberto Gessinger celebrou as quatro décadas de estrada com duas apresentações da nova turnê “Acústicos EngHaw” no “quintal de casa”.

Quando foi anunciado pelo músico nas redes sociais que os álbuns Acústico MTV (2004) e Novos Horizontes (2007) fariam parte da sua vasta agenda de shows em 2025, os fãs logo se apressaram a garantir o ingresso para o Auditório Araújo Vianna nos dias 11 e 12/01, e o resultado foi sold out nas duas datas marcadas. Havia gente de Fortaleza, assim como de Júlio de Castilhos/RS.

O que me surpreendeu na setlist foi a dinâmica das músicas. Humberto mesclou poucas vezes, ao longo do show, as faixas. A maioria delas ganhou arranjos diferentes quando comparadas com suas últimas versões, como O Papa É Pop, Toda Forma de Poder e Vida Real.

“Novos Horizontes” foi o último disco gravado pela banda Engenheiros do Hawaii, e a turnê durou pouco mais de um ano após o lançamento, sendo que o último show aconteceu em julho de 2008, na cidade de Crato, no Ceará. Assim, para o público presente na casa de shows, havia a oportunidade de ouvir pela primeira vez as músicas No Meio de Tudo, Você; Quebra Cabeça e Guantánamo.

“Eu gosto muito desse álbum porque ali eu fiz uma coisa que não era muito comum nos discos ao vivo: lançar músicas novas. E eu sempre usei essas oportunidades para, ao mesmo tempo, reler o passado e tentar olhar um pouquinho para o futuro!”, declarou Gessinger.

Vertical também fez parte desse combo. E nela, Humberto chamou o músico e produtor Protásio Júnior para dominar os teclados. Outro ponto-chave do show foi o dueto entre Gessinger e o gaiteiro Paulinho Goulart. Apenas os dois no palco, sob uma iluminação intimista, tocaram Refrão de Bolero e Pra ser Sincero.

Além de Paulinho no acordeon, a formação que seguirá com o HG durante a turnê Acústicos EngHaw pelo país será com Felipe Rotta nos violões de nylon e aço, Rafael Bisogno na bateria e Nando Peters no contrabaixo. Por mais que uma estreia cause nervosismo e ansiedade, o que é natural, todos estavam muito bem alinhados e concentrados. Mas, arrisco a dizer que foi prematuro por parte de Gessinger já ter escolhido os dias 1 e 2 de fevereiro para gravar, em São Paulo, este trabalho (e mais algumas músicas novas). Antes disso, eles terão apenas as cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro para lapidar o que for necessário neste show.

Há um simbolismo em Porto Alegre ter sido o ponto de partida do que está por vir musicalmente para Gessinger. Afinal, na mesma data, há 40 anos, aquele “alemãozinho” subia ao palco do auditório da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul pela primeira vez.

Ele acreditava que sua apresentação duraria apenas aquela noite. Hoje, tenho certeza de que, após todos esses anos dedicados à música, sua arte continua a se reinventar e a atravessar gerações.

Fabricio Mazocco é jornalista, doutor em Ciência Política, professor universitário, fã de rock e criador do blog Rock 80 Brasil.