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O João Rock

Fabricio Mazocco: texto Murilo Boarini: fotos

Para quem é 40+, sábado é dia de ficar em casa, fazer compras, ajeitar a casa. Mas para mim, que também amo música, amo rock e falo sobre rock, o sábado passado, dia 8 de junho, foi bem diferente. Foi neste dia que aconteceu o maior festival de rock do interior paulista e um dos maiores festivais de rock do país. Estamos falando do João Rock, que neste ano comemorou sua 21ª edição, no Parque de Exposições, na cidade de Ribeirão Preto (SP).

Com o Rock 80 Brasil devidamente cadastrado como imprensa para cobrir o Festival, meu papel lá foi outro. Pra começar, você precisar escolher entre assistir o show, ou tentar conversar com os artistas. Os dois, não dá! Então, fiquei nos bastidores e o Murilo Boarini nos shows.

O Festival conta com uma área reservada para a imprensa. Somos a todo momento apoiados por uma equipe de assessores super competentes da Phábrica de Ideias, tanto para coletivas com artistas como para agendamentos feitos antes do show.

A qualquer momento pode surgir uma entrevista com um artista. A qualquer momento pode ser desmarcada uma entrevista. Então precisamos estar atentos e preparados.

Só temos acesso ao backstage com um assessor, o que é mais que correto. Assim que entramos, tudo extremamente organizado para as entrevistas. Muito bacana ver os artistas se encontrando, se abraçando e revendo histórias.

Viva o clássico, conheça o novo

Com o slogan, “Viva o clássico, conheça o novo”, o Rock 80 Brasil abordou junto a alguns artistas, já na categoria clássico, como é hoje essa transição. Para Baby do Brasil, dos Novos Baianos, “naquela época eu nunca era citada quando se falava de cantora ou aquilo ainda que iria acontecer…. Era muita caretice, era proibido improvisar, e eu improvisava. Aos poucos, com o tempo passando, foi caindo a ficha e a galera foi ouvindo. Isso serve pra mim e para os Novos Baianos”.

Para Luciano Granja, da banda do Armandinho, hoje os jovens estão mais curiosos e tem as plataformas digitais que possibilitam que se encontre os novos. “O próprio Festival João Rock é um local para se conhecer o novo”. Já o colega de banda, Lúcio Dorfman, o rock é uma atitude, mais que um tipo de som, onde surgiu uma ruptura social. “E esses festivais, como o João Rock, cumpre essa função, que é a atitude de romper com o que está rolando e com isso permanece a essência do rock”.

Armandinho fala que vem de uma geração do CD que era o álbum que trazia muitas músicas e era mais fácil de criar um repertório para um show inteiro. “Eu sinto saudades do CD, ao mesmo tempo que era abominável por causa da pirataria, mas era mais fácil fazer carreira dentro da música.”

Carlos Trilha, tecladista da banda da Marina Lima e que tocou com a Legião Urbana, entende que está cada vez mais difícil conseguir aparecer no meio de tanta coisa. “Rolava uma curadoria no mainstream, que era um filtro. Hoje todo mundo vai no mesmo cenário, muita coisa legal, porém para você se destacar não basta só ter talento e, sim, muito apoio e sorte.”

Cláudio Venturini, do 14 Bis, afirma que não existia rock no Brasil na época em que eles criaram o 14 Bis, no final da década de 70. “Nos anos 80, o rock começou a aparecer mais. Passou o tempo e esse pessoal continua. Naquele tempo era diferente e temos muito orgulho de ter aberto a porta para esse pessoal”.

O Festival

Com o tema “viva o clássico, descubra o novo”, o João Rock garantiu uma noite épica às mais de 70 mil pessoas que compareceram no Parque Permanente de Exposições, em Ribeirão Preto (SP). Nos quatro palcos da festa, o público presenciou mistura de ritmos, as lendas da música nacional e um ainda um encontro surpresa de Samuel Rosa que cantou “Lourinha Bombril” com Herbert Vianna durante o show de Os Paralamas do Sucesso no Palco João Rock.


Os amantes da música brasileira se divertiram ao som de Os Paralamas do Sucesso; Marcelo D2, Djonga e Um Punhado de Bamba; Samuel Rosa; CPM 22; Pitty e Emicida; Marina Sena; Armandinho; Detonautas; e Thiago Castanho e Marcão Brito – CBJR 30 anos no Palco João Rock. 

O Palco Brasil recebeu as lendas 14 Bis, Novos Baianos, Ney Matogrosso e Djavan, ovacionados pelo público ao entoar canções que marcaram gerações. 

Um elenco 100% feminino e inédito no Palco Aquarela contou com estrelas como Tássia Reis, Negra Li, Maria Gadú, Duda Beat e Marina Lima. 

Outro destaque foi o Palco Fortalecendo a Cena, com os novos sucessos do trap, rap e hip-hop: School of Rock, Ebony, Ryu-The Runner, Wiu, Teto e Veigh.

Fabricio Mazocco é jornalista, doutor em Ciência Política, professor universitário, fã de rock e criador do blog Rock 80 Brasil.