E quem disse que baterista não escreve poesia? Guto Goffi, um dos fundadores e baterista do Barão Vermelho, é um deles. Ele está lançando o livro “Quem alimenta quem?”. O livro traz as letras escritas por Goffi para o Barão Vermelho, desde 1987. O blog Rock 80 Brasil bateu um papo com o baterista sobre este projeto.
Rock 80 Brasil: Como surgiu a ideia do livro “Quem alimenta quem”?
Guto Goffi: O livro surgiu da vontade de reunir letras que eu vinha escrevendo desde 1987, e que na minha visão tinham conteúdo poético e atemporais. As pessoas me conhecem bem como baterista e pouco como poeta, por isso o livro. Este é o meu primeiro livro de poesia. Sou um dos autores do livro que foi escrito a seis mãos, da biografia do Barão Vermelho, o “Por que a gente é assim”, lançado em 2007, pela Editora Globo.
Rock 80 Brasil: Há quem defenda que poesia e letra de música são duas artes diferentes.
Guto Goffi: Não deixa de ser verdade. As minhas sempre buscaram sentidos poéticos. Sou discípulo de Cazuza e aprendi desde cedo a conviver com letras que eram mais do que pareciam. Acho que a letra, fora da canção, se fortalece como poema… acontece com as minhas.
Rock 80 Brasil: Como foi reunir as letras que escreveu desde a saída de Cazuza do Barão Vermelho?
Guto Goffi: Tentei reunir as letras que escrevi sozinho. As que rascunhei em parcerias, deixei de fora para ficar mais fácil das pessoas entenderem como eu escrevo. Sou direto, evito metáforas, ser conformista e prolixo. Por isso atinjo meus alvos desejados.
Rock 80 Brasil: São quantas poesias no livro?
Guto Goffi: São 40 letras/poemas e 40 ilustrações minhas, que não deixam de ser poemas visuais. As letras foram dispostas em quatro capítulos e tem as suas datas de criação informadas.
Rock 80 Brasil: Reunindo as poesias, como você avalia suas composições ao longo do tempo?
Guto Goffi: Sou um compositor ativo, criatividade abundante e tudo me interessa na música. Trato minhas letras com respeito e sei que nelas têm bastante mensagem. Não sei escrever letra que não diz nada.
Rock 80 Brasil: Há alguma poesia inédita?
Guto Goffi: Tem a “Quem alimenta quem?”, parceria com o Arnaldo Brandão, ainda inédita; “Medo”, que é minha com o Suricato e que também ainda não foi gravada; e “Coração de pedra”, parceria com Mimi Lessa, ainda não lançada. As outras, acredito que estejam em discos do Barão e nos meus trabalhos solo.
Rock 80 Brasil: O que os fãs de sua carreira e do Barão Vermelho podem esperar deste livro?
Guto Goffi: É uma forma de me verem além da bateria somente. Muita coisa na arte me interessa e quis dividir, revelar meu universo poético e um pouco de minha poesia visual também. São extensões artísticas que senti a necessidade de revelar aos fãs, amigos e curiosos. Viva a arte!
Fotos: Vanessa Ângelo