Humberto Gessinger retornou ao Auditório Araújo Vianna no último sábado, 13, em Porto Alegre, para um reencontro memorável com a sua arte e ofício
Eu sigo em frente, pra frente eu vou!
Passaram-se 616 dias após o último show do Humberto Gessinger antes que a pandemia do novo Coronavírus se instalasse no Brasil. Naquele 7 de março de 2020, no Centro de Eventos Latitude da cidade São Miguel D’Oeste, em Santa Catarina, ninguém imaginava o que estava por vir após aquela apresentação.
O vírus obrigou a todos a ficarem em casa. Isolados. Em quarentena. A sensação de que “tudo voltaria ao normal em breve” adiou planos, (re)encontros e afetou, drasticamente, a indústria da música e do entretenimento. A perspectiva de voltar a frequentar um show no meio do caos caiu por Terra em pleno ano de 2020.
Ainda mergulhados no mar da incerteza, chegamos a 2021. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no país – valeu, ciência! -, recuperamos o fôlego e a chance de frequentar um show novamente.
A oportunidade foi lançada e o “burburinho” na internet entre os fãs começou assim que o Gessinger divulgou em suas redes a volta dos shows, começando pelo palco do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. Sua cidade natal não o via ao vivo e a cores há 735 dias.
E, enfim, chegou a data 13 de novembro. Sob medidas de segurança e protocolos a ser seguidos rigorosamente, como o uso de máscaras e o distanciamento social entre os acentos posicionados, o público chegava eufórico ao Parque Farroupilha e se acomodava à casa de show.
Ver de perto os equipamentos e instrumentos do trio já posicionados no palco, a equipe técnica fazendo os últimos ajustes e o espaço tomando forma por pessoas entusiasmadas na concha acústica porto-alegrense foi surreal.
“Infinita Highway” abriu o show. Gessinger com seus trajes bem apresentáveis, acompanhado por Felipe Rotta e Rafael Bisogno, conduziram as duas horas de show com maestria. O roteiro das músicas passou por grandes sucessos dos Engenheiros do Hawaii, como “Até o Fim”, “A Revolta dos Dândis”, “Armas Químicas e Poemas”, “Pra Ser Sincero” e “Terra de Gigantes”.
O lado B também surpreendeu a plateia quando o eterno líder dos Engenheiros do Hawaii cantou “A Perigo”. O refrão na ponta da língua das quase 2 mil pessoas deu um sentido maior à música nos tempos de hoje.
Mas não é só de nostalgia que se vive a trajetória de Humberto Gessinger. Do seu último álbum lançado em 2019, “Não Vejo A Hora”, as composições “Partiu”, “Bem a Fim”, “Estranho Fetiche” – esta que contou com a participação especial de Nando Peters, assim como em “Cadê?” -, e “Calmo em Estocolmo” fizeram parte das mais de 25 músicas selecionadas para o setlist.
“Dom Quixote” teve um arranjo com um timbre despojado, “Surfando Karmas e DNA” ganhou a companhia de algumas estrofes de uma música em inglês – ainda me culpo por não ter sacado qual seria a música! -. E assim que o Gessinger cantou “Somos Quem Podemos Ser”, ele dedicou o show àqueles que fazem parte dele:
“Eu queria dedicar este show, além de todos vocês que estiveram aqui, a todos que trabalham com entretenimento, atrás do palco, fora das luzes, e principalmente a minha equipe maravilhosa, que tem os caras mais bem humorados e mau humorados que já conheci em toda minha vida”, destacou Humberto, com riso solto e com a sensação de dever cumprido.
Conheça o trabalho do fotógrafo Gustavo Garbino