O Nenhum de Nós está preparando a mala para embarcar no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e descer em São Paulo para uma temporada de shows nos dias 27, 28 e 29 de novembro, no Teatro J. Safra
“Este show foi transferido várias vezes até que tivesse condições atestadas pelas autoridades para sua realização. Serão obedecidas todas as orientações necessárias para garantir a segurança do público e a nossa”, disse o vocalista Thedy Corrêa, em entrevista por telefone ao blog Rock 80 Brasil.
O show era para ter acontecido em março. Com o avanço da pandemia, ele foi reagendado quatro vezes: maio, junho, setembro e agora novembro. Com a capacidade do teatro redesenhada para 60% de ocupação, foi necessário abrir uma “sessão extra” na noite de domingo (29/11, às 19h), para readequar o público excedente das outras duas apresentações.
Além de comemorar a volta aos palcos com público presencial depois de quase nove meses, o grupo estará apresentando o show “25 anos do Acústico ao Vivo”. “Esse show é para comemorar os 25 anos do nosso primeiro acústico. Ele foi readaptado, com duração menor. No set list estão cerca de 80% do acústico e 20% de um pouco do que fizemos depois”, adiantou Thedy.
Sobre “o que veio depois”, Thedy também falou de um EP lançado recentemente pelo Nenhum de Nós. Tudo começou com cada um da banda em suas próprias casas, cumprindo o isolamento, e fazendo gravações caseiras. Com os vídeos postados no YouTube e com mais de 90 mil views, o grupo continuou gravando e assim nasceu o EP “Feito em Casa”, já disponível nas plataformas digitais.
O EP revisita o repertório da banda, conta com a participação de Roberta Campos na faixa “Foi Amor” e faz duas releituras: “Duas Metades” da dupla Jorge & Matheus e “Tudo Novo de Novo” de Paulinho Moska.
“Fazer releitura é diferente. No caso da música do Jorge & Matheus, é uma provocação no melhor sentido, fizemos na busca de um diálogo. Hoje estamos vivendo em um país dividido, com uma dificuldade em estabelecer algum diálogo. Talvez seja o momento na música em dar um passo à frente nessa busca de diálogo. Uma banda de rock como o Nenhum de Nós, com 34 anos de estrada, gravar uma música sertaneja nos faz refletir sobre esse diálogo que precisamos estabelecer”, disse Thedy.
E ele continua: “A do Paulinho Moska também tem a ver nesse momento que é tudo novo, em que vamos ter que reinventar. Sou contra essa expressão o “novo normal”. Embutido nessa ideia do novo normal pode haver um conceito de normalidade que a gente não pode aceitar, porque vamos precisar ter cuidados, precauções. É o novo viável. É viável fazer show hoje? É, mas com os cuidados necessários. Essa música do Paulinho fala disso: o novo de novo, esse momento de atenção e de alerta.”
E por esse “novo viável” é que o Nenhum de Nós está preferindo não planejar os 35 anos de carreira no ano que vem. “O ideal seria comemorar os 35 anos, mas não sabemos se é viável. Estamos usando a prudência, até pra não criar expectativa”.
E o que mudou nesses 35 anos? Thedy responde: “Para algumas coisas a gente permanece o mesmo, mas seria ruim permanecer assim depois de tanto tempo de estrada. Algumas coisas nos aproximaram. Alguns conceitos que antes eram os mesmos, talvez hoje não seja assim. Hoje temos que negociar mais, temos que usar mais reflexão, e isso é natural. Nós não somos mais os mesmos, mas estamos juntos”.