Às 21h15 de sábado, os carros já estavam devidamente estacionados no Oásis, em São Carlos. Desde março os shows deixaram de acontecer em razão da pandemia da Covid-19. Ao lado de cada veículo, uma mesa e cadeiras que permitia, às pessoas ficarem do lado de fora, sentindo um bom vento de uma noite quente de inverno, e com a segurança necessária. As luzes se apagam e os telões mostram um Nando Reis sorridente entrando no palco e se armando de um violão. Os fãs espalhados entre os carros reconhecem a canção “Sei”, que está no álbum homônimo de 2012, o primeiro independente de Nando. Em seguida “4 de março” e “Sou dela”. Nando fala da alegria de fazer show e ver pessoas depois de tanto tempo. E não custa lembrar da época que Nando morou em São Carlos para cursar Matemática na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), de agosto de 1981 a maio de 1982. “Foi bom porque descobri o que eu queria ser” – para a nossa sorte, a escolha não foi a Matemática.
Dando sequência, Nando toca “As coisas tão mais lindas”, “Declaração de amor”, “Por onde andei” e “Sim”. “Como vai você”, de Antonio Marcos e Mário Marcos, gravada por diversos artistas, entre eles Roberto Carlos, em 1972, abre a sequência de músicas bastante conhecidas na voz de outros artistas. Em seguida “Na estrada”, de Nando, Marisa Monte e Carlinhos Brown; “Pra dizer adeus”, gravada pela primeira vez pelos Titãs em 1985 na voz de Nando, mas que ficou conhecida no Acústico MTV dos Titãs, na voz de Paulo Miklos; “Muito estranho”, conhecida na voz de Dalto na década de 80 e que está no álbum “Bailão do Ruivão”; “Dois rios”, que tem Nando Reis como um dos compositores e que foi sucesso com o Skank; e “All Star” e “O segundo sol”, de Nando Reis, com a eterna parceira Cássia Eller presente de alguma forma, ou cantando, ou como inspiração, ou os dois.
Pausa para Sebastião Reis entrar no palco e acompanhar o pai com solos e voz. Na sequência “Eles sabem”, “Os cegos do castelo”, “Para luzir o dia”, “N”, “Ainda não passou”, “Luz antiga”, “Pra você guardei o amor”, “A minha gratidão é uma pessoa”, “Resposta”, “Luz dos olhos” e para fechar “Do seu lado”. As palmas e as buzinas pedem um bis: a icônica “Marvin”.
Nando Reis domina o palco, mesmo sentado em um banquinho, com um violão no colo. Sua voz e suas composições nos faz viajar anos e anos. São lembranças de um pouco de tudo em quase tudo. É difícil não ter uma história para contar relacionada a uma música de Nando Reis. Ouvi-lo em uma noite quente e estrelada é um alento na situação que estamos vivendo. Obrigado, Ruivão.
*Fotos do perfil O Melhor de São Carlos.