A noite do dia 11 de janeiro foi marcada pela celebração dos 35 anos de carreira do Humberto Gessinger, eterno líder dos Engenheiros do Hawaii, e pela estreia de seu novo álbum “Não Vejo A Hora”. O Blog Rock 80 Brasil esteve presente no UnimedHall, em São Paulo, para acompanhar o show comemorativo.
E eu? O que faço com esses números?
Um breve relato pessoal para o início desta cobertura: quando esta jovem jornalista nasceu, os Engenheiros do Hawaii, liderado pelo Humberto Gessinger, completavam seus quase dez anos de trajetória. De 1985 a 1994, o porto-alegrense já havia lançado oito álbuns – gravados em estúdios e em apresentações ao vivo.
Quem diria que aquele “alemãozinho”, no auge de seus 22 anos, embarcaria na onda de seguir com uma banda de rock depois de subir ao palco do auditório da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1985? Pois é… Ninguém (nem ele) imaginaria!
Muitas coisas mudaram de lá para cá. Nos Engenheiros do Hawaii mudaram integrantes, estilos e instrumentos. A banda lançou outros discos de estúdio, acústicos, ao vivo e coletâneas. O que não mudou muito foi a fidelidade e o apreço que os fãs de Gessinger sentem por toda sua trajetória.
Chegamos ao ano de 2020. Trinta e cinco anos mais tarde do primeiro show dos Engenheiros do Hawaii, os fãs, que vieram de vários lugares do país, formavam a fila em volta do UnimedHall, em São Paulo, e nem mesmo a chuva que havia caído a tarde na zona sul da capital paulista desanimou a galera.
Às 20h30 abriram os portões e o público pôde se acomodar na casa de show. Encontros de gerações, reencontros e abraços apertados. É surpreendente olhar pela janela da história de um artista e perceber a união de pessoas em torno da música.
O que não tem fim sempre acaba assim…
O relógio apontou 22h e os avisos sonoros de segurança foram acionados. Deu para sentir a expectativa do público para o início do show. As luzes da casa se apagaram em meio a plateia e os telões apresentaram a imagem e a narração de Humberto Gessinger. Os olhares atentos se voltaram para o mini documentário, produzido pelo próprio artista, que contou sobre a elaboração de seu mais novo disco “Não vejo a hora”, lançado no ano passado. Nos onze minutos de apresentação, Gessinger detalhou algumas composições, falou sobre as parcerias musicais, sobre os instrumentos que foram utilizados por ele nas gravações; e a construção da capa do álbum.
Em seguida, a introdução de “Infinita Highway” foi reconhecida pelo público e ali, no palco, estava Humberto Gessinger acompanhado por Felipe Rotta na guitarra e o baterista Rafael Bisogno para o início do show de 35 anos daquele 11 de janeiro.
Embora tivesse a noção do que a data representava, Gessinger não falou muito entre os intervalos das músicas. Olhava para o público e ao mesmo tempo dispersava o seu olhar para se concentrar com cada acorde. Sua ligação com os músicos no palco era evidente. Para aquele capricorniano assíduo tudo deveria sair com excelência e exatidão.
Os jogos de luzes direcionados ao trio também iluminaram o novo cenário. No lugar daquela lua cheia exposta na última turnê, entraram as cortinas com ilustrações de torres coloridas e um enorme tabuleiro de xadrez – inspirações vindas diretamente da Suécia.
Em meio aos hits consagrados, como “O Preço”, “Surfando Karmas e DNA”, “Dom Quixote” e “Eu que não amo você”, Humberto Gessinger abriu espaço para cantar as novas composições: “Partiu”, “Calmo em Estocolmo” e “Algum Algoritmo”. Essa gangorra, entre sucessos e lançamentos, fez com que o público prestasse mais atenção no músico e o “roteiro” que ele criou para a sequência de “De fé”, “Bem a Fim” – música nova –, “Perfeita Simetria” e “3×4” caiu como uma luva para o momento light do show.
O que chamou a atenção, dentre tantos shows solos que já fui do HG, foram as poucas junções de músicas que ele costuma fazer durante as suas apresentações. Dessa vez, a maioria das canções teve o seu próprio começo, meio e fim, com as exceções de “Até o Fim” emendada com “Infinita Highway” logo no início; “Um dia de cada vez” + “Ando só”; e “Refrão de Bolero” + “Piano Bar”.
Com uma introdução enigmática, “Terra de Gigantes” ganhou um arranjo totalmente diferente, mas a canção teve aprovação do público – pois consegui ouvir, assim que acabou o show, comentários positivos sobre o hit que surpreendeu uma galera fiel.
Após ser tocada, Gessinger se dispôs a conversar com o público: “Não tenho muito o que dizer… a não ser agradecer a vocês por me acompanharem!” – Tímido com as palavras, mas muito à vontade no palco para conduzir a noite, Humberto cantou “Pra Caramba”, “A Revolta dos Dândis I”, “Tudo Está Parado” e “Vida Real”.
Quase a meia-noite, o trio encerrou o show com o bis “Armas Químicas e Poemas”, “Somos Quem Podemos Ser” e “Toda Forma de Poder” – hit do seu primeiro álbum de carreira, o Longe Demais das Capitais (1986).
Hoje, são mais de 20 discos já lançados em toda sua trajetória. São 35 anos na conta de um compositor, cantor e multi instrumentista que faz da sua arte um ofício.
As fotos foram concedidas gentilmente pela fotógrafa Carol Siqueira (Estreia Produções)
e pelo fotógrafo Yuri Murakami (MusicDrops).
Grande artista nacional e bela matéria. Viva o Rock 80 Resistente!
ADORO O SOM DO GESSINGER
SAUDADES DA EPOCA DOS ENGENHEIROS!
MAS TA VALENDO.
OTIMA MATERIA TAMBÉM
Perfeita narrativa. Até melhor do que a realidade. Você sabe emocionar com palavras dançando.
Que amor! Obrigada! =) <3
Parabéns pelo texto, Carol!
Suas colocações foram precisas ao tratar a história dessa linda trajetória do HG.
Oi, Fábio. Na verdade, o texto foi assinado por mim, Ellen Visitário, jornalista do Blog Rock 80 Brasil. A Carol Siqueira é responsável por algumas fotos postadas por aqui.
Te agradeço pelo carinho com o blog!