A última vez que o Humberto Gessinger, ainda sob a liderança dos Engenheiros do Hawaii, fez um show acústico em São Paulo foi em 29 e 30 de abril de 2008, no Citibank Hall, antigo Palace – para os íntimos. A turnê era do disco “Novos Horizontes”
Após dar a pausa com a sua banda principal no primeiro semestre de 2008, Humberto Gessinger fez parte do projeto Pouca Vogal ao lado de Duca Lueindecker. Era a menor banda do rock gaúcho – num formato, digamos, “acústico elétrico”.
Hoje, como todos sabem, Gessinger é um artista solo. O primeiro trabalho assinado em seu nome foi lançado em 2013, o Insular – o que fortaleceu para tantas outras turnês que o portalegrense percorreu pelo país ganhassem seu devido espaço, como “Insular – Ao vivo”; “Louco Pra Ficar Legal”; “Desde Aquela Noite”; e a atual “Ao Vivo Pra Caramba”.
Para surpresa dos fãs, Humberto Gessinger fez três shows na capital paulista em pleno – e quente – fevereiro, o que não acontecia há muitos anos.
A estreia do trio acústico aconteceu na zona oeste, no Sesc Pompeia, entre os dias 1 e 3. Aberta a venda pela Internet, os ingressos se esgotaram num piscar de olhos. Aqueles que ansiavam para ver o Gessinger mais intimista se surpreenderam com um setlist que contemplou os quatro álbuns acústicos lançados entre 1993 a 2012: Filmes de Guerra, Canções de Amor; Acústico MTV; Novos Horizontes; e Pouca Vogal.
Nele, os fãs puderam ouvir as versões de “O voo do besouro”, “No meio de tudo você”, “Novos Horizontes”, “Quanto vale a vida?”, “Realidade virtual”, “Armas químicas e poemas”, “Vertical”, “Outras frequências” e “Luz” – músicas que das quais, raramente, foram tocadas com periodicidade.
Gessinger também resgatou, para o delírio do público fiel, algumas do lado B, como “Por acaso”, “Nuvem”, “Sem problema” e “Perfeita simetria”. Seus hits consagrados não saíram de escanteio, como “Até o fim”, “Somos quem podemos ser”, “Eu que não amo você”e “Pra ser sincero”. Porém, outros ficaram de fora, como a clássica “Infinita Highway”.
Cada show durou duas horas e foi o tempo suficiente para perceber que os convidados que estavam ao lado de Humberto Gessinger eram os caras certos: Nando Peters, que interpretado como um mero guitarrista durante a turnê Louco Pra Ficar Legal, surpreendeu quem pôde vê-lo em um ambiente muito mais aconchegante com seu contrabaixo; já o gaiteiro Paulinho Goulart revitalizou as músicas com seu acordeom inabalável. Esta formação acústica deve, em algumas ocasiões, dividir o palco com o power trio (Gessinger, Rafael Bisogno e Felipe Rotta), assim como ocorreu em Belo Horizonte em dezembro do ano passado.
Para o fã Arthur Sanchez, 43, que chegou ao Sesc Pompeia às dez da manhã, no domingo, com a esposa para serem os primeiros da fila, ressaltou que a experiência de presenciar a sincronização dos quatro discos em um show acústico é “a chance de reviver a história do Humberto Gessinger em uma única noite”.
Como concordou a Bruna Meireles, 25, que no início da adolescência demonstrou interesse à trajetória dos Engenheiros do Hawaii graças ao LPs que pararam em suas mãos. A estudante destacou toda ansiedade para ver o ídolo mais uma vez e confessou que se emocionou na noite de sábado, ao ver e ouvir os grandes sucessos de Gessinger.
O público não deixou a desejar em nenhuma circunstância. Nas três noites, do começo ao fim, as vozes não cessavam. A nova empreitada de reestruturar um show acústico fez com que o trio acreditasse que estava no caminho certo.
E que caminho!
Fotos concedidas gentilmente pela fotógrafa Jéssica Liar.