Lá se vão exatos 30 anos do lançamento do disco “Ouça o Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém”, o terceiro da banda Engenheiros do Hawaii, o segundo com a formação Humberto Gessinger, Augusto Licks e Carlos Maltz.

O álbum mostra o amadurecimento do grupo na formação iniciada no disco anterior. Com letras mais críticas, uma guitarra mais presente e distorcida, o disco traz grandes clássicos e músicas que estão na lista das “preferidas” dos fãs do grupo.

A capa do vinil traz um conceito parecido com o do “A Revolta dos Dândis”: dividida em quadrados e com os integrantes em foto preto e branco (mesmo o Humberto estar vestido com uma camiseta toda colorida). A cor da capa é vermelha, o que futuramente com o “Várias Variáveis” (capa verde), de 1991, fecha o ciclo iniciado com “A Revolta dos Dândis” (capa amarela), de 1987, formando as cores da bandeira do Rio Grande do Sul.

Diferente dos dois primeiros discos da banda, que foram produzidos por Reinaldo Barriga, este contou com a produção de Luiz Carlos Maluly. As gravações foram feitas em São Paulo, assim como os outros dois discos.

A faixa-título que abre o álbum traz uma conversa e risos (falava-se mal de um funcionário da gravadora). Em seguida, “Cidade em Chamas” traz um arsenal de efeitos sonoros, ao melhor estilo Pink Floyd. A terceira faixa foi (e é) o grande sucesso do disco “Somos Quem Podemos Ser”. Em uma entrevista a este que vos escreve, Humberto relembrou quando mostrou esta música ao guitarrista Augusto Licks e este foi, silenciosamente, marcando o tempo da música no braço da guitarra, já pensando no que iria fazer.

Diferente de Carlos Maltz que certa vez destruiu na bateria a folha que trazia a letra de uma música. “Sob o Tapete” marca a primeira parceria Gessinger e Licks na composição. “Desde Quando?” e “Nunca se Sabe” fecham o lado A do disco.

O lado B abre com “A Verdade a Ver Navios”, que traz Humberto na guitarra, Licks no piano e Maltz na bateria. “Tribos e Tribunais” é a segunda parceria Gessinger/Licks do disco. Em seguida “Pra Entender” e “Quem Diria”. O disco fecha com “Variações Sobre um Mesmo Tema”. Esta música possui três partes: a primeira composta por Gessinger, a segunda composta por Gessinger e Licks e a terceira (instrumental), de autoria de Licks. Na segunda parte, Licks é quem canta.

Este disco ficou espremido entre o sucesso tardio do álbum “A Revolta dos Dândis” e o “Alívio Imediato”, lançado no ano seguinte. Mesmo com poucas músicas tocadas em rádio, é um dos discos mais lembrados pelos fãs e, sem dúvida, uma referência na história da banda.

Confira abaixo o clipe de “Somos Quem Podemos Ser”: