O RPM está de volta sim e com gás novo. Sem trocadilhos, a banda que arrebentou no meio da década de 80 está com formação nova. No baixo e vocal está Dioy Pallone, que já tocou na banda Carrão de Gás. E tem mais: o grupo está fazendo shows, já lançou dois singles e mais canções novas vêm por aí.
No último sábado, dia 24 de novembro, o RPM tocou em São Carlos (SP), cidade de onde vem o novo baixista. Antes de subir no palco do São Carlos Clube, a banda recebeu o blog Rock 80 Brasil para um bate-papo. Confira abaixo alguns trechos da conversa:
Blog Rock 80 Brasil – Como aconteceu a entrada do Dioy Pallone no RPM?
Fernando Deluqui – Eu conheço o Dioy desde 2006 em razão da banda Carrão de Gás, da qual ele fazia parte. Recebia os materiais da banda e achava super legal. Por meio de amigos comuns, fui convidado para conhecer a banda e acabei tocando com eles. Fizemos uma jam em um clima legal e lá percebi o potencial do Dioy. Ficamos amigos desde então. Nos encontramos poucas vezes, mas quando acontecia era super bacana. Quando teve essa oportunidade da fazer a volta do RPM, simultaneamente tive um encontro com ele em um show e foi sensacional. Até então não tínhamos encontrado alguém que preenchia os requisitos que queríamos. Ele preenchia.
Blog Rock 80 Brasil – O RPM lançou recentemente dois singles, o “Escravo da Estrada” (confira o clipe aqui) e “Ah! Onde Está Você?” (confira o clipe aqui). Quais são os próximos passos?
Luiz Schiavon – Em função do formato da mídia digital de hoje, lançar 12 músicas de uma vez faz com que duas ou três sejam tocadas e as demais são queimadas. Discutimos bastante sobre isso e adotamos a estratégia de fazer duas músicas a cada dois meses para sempre ter coisas frescas no ar. Na semana que vem ou na próxima entraremos em estúdio para gravar mais duas, para serem lançadas em janeiro. Quando tivermos seis canções gravadas, a ideia é lançar um vinil (EP).
Blog Rock 80 Brasil – Nas duas músicas lançadas, uma tem o vocal principal do Deluqui e outra do Dioy.
Luiz Schiavon – A ideia é dividir os vocais. Ao longo do show, as músicas são praticamente divididas meio a meio: metade o Fernando canta e metade o Dioy. Eu sempre quis trabalhar mais com o vocal da banda, mas não tinha espaço.
Fernando Deluqui – No começo eu estava um pouco resistente com esta ideia, mas depois percebi que é interessante e fiquei mais à vontade.
Blog Rock 80 Brasil – Dioy, algum dia você pensou em estar no RPM?
Dioy Pallone – Nunca passou pela minha cabeça em estar na banda. Eu tinha um conceito que se eu fosse viver de música seria com a minha antiga banda, o Carrão de Gás. Profissionalmente eu estava “aposentado” e os caras me arrancaram de um sono profundo. Eu tenho muitos os pés no chão, sempre falo isso, porque é um trabalho. Eu estou na melhor banda e posso desenvolver meu trabalho e aprender com esses caras.
O Show
Poucos minutos depois da meia-noite, as luzes do palco montado no São Carlos Clube se apagam. Um som instrumental enche o ambiente, acompanhado por raios de luzes coloridos que se espalham por toda parte. Numa verdadeira ilha de teclados, Luiz Schiavon. Na frente dele surge o guitarrista e agora também vocalista Fernando Deluqui, que já tocou sem camiseta na década de 80, mas que agora exibe um visual mais comportado. Na bateria Kiko Zara substitui temporariamente o PA. E na frente dele o baixista e vocalista Dioy Palone. Um telão atrás mistura imagens, cores, dando um visual futurista para o show.
“Alvorada Voraz”, uma das inéditas do álbum “RPM Ao Vivo”, de 86, abre o set list, com Deluqui no vocal. Se alguém ainda tinha alguma dúvida de qual banda estava no palco, lá vem o “Louras Geladas“, do primeiro disco da banda, de 85, com Dioy no vocal. Depois de “Rainha”, que está no álbum “MTV RPM”, de 2002, a nova “Escravo da Estrada”. Como o RPM foi homenageado por Lobão no álbum “Antologia Politicamente Incorreta dos anos 80” (Lobão regravou “Louras geladas”), hora de retribuir com a “Corações Psicodélicos”. E vem mais cover: “Ciúmes”, do Ultraje a Rigor.
Um lado B do primeiro disco, a “Sob a Luz do Sol” e depois “Juvenília” e “A Cruz e a Espada”. Depois da instrumental “Naja”, hora de relembrar a versão de “London, London”, com Schiavon no piano e Deluqui cantando, com o vocal de apoio de Dioy, além do público acompanhando a banda.
Hora do set acústico, com os quatro na linha de frente do palco. “Onde Está Meu Amor” abre o set, seguido por dois covers: “Wish You Were Here”, do Pink Floyd, e “Como Eu Quero”, do Kid Abelha. De volta ao velho e bom rock n’ roll, as clássicas “Flores Astrais” (da banda Secos & Molhados, regravada no álbum ao vivo do RPM de 86) e “Revoluções Por Minutos”. Caminhando para o final do show, a nova “Ah! Onde Está Você?” e fechando com chave de ouro “Rádio Pirata” e “Olhar 43”.
O RPM mostrou que está vivo e muito bem. O bom clima entre os integrantes está refletindo no palco com postura de confiança e muita competência. Dioy parece ter trazido sangue novo, que aliado à competência dos demais integrantes está colocando o RPM novamente nos trilhos do Rock 80 Brasil, de onde nunca deveriam ter saído.
Confira mais fotos do show aqui.
Textos e fotos: Fabricio Mazocco