Três bandas do rock nacional se apresentaram na noite de sábado, 4, na Estância Alto da Serra, em São Bernardo do Campo/SP. Confira o que rolou no festival!
O legado da Legião Urbana
Eram nove horas da noite quando o público driblou o frio que fazia em São Bernardo do Campo, cidade do ABC Paulista, para formar a fila na entrada da Estância Alto da Serra. A noite prometia três apresentações de bandas que consagram, até hoje, o rock nacional.
E para dar início ao festival que reunia fãs de tantas gerações, a Urbana Legion foi a primeira atração da casa. Formada pelos integrantes Egypcio e PG (Tihuana), Marcão (ex. Charlie Brown Jr. e atualmente na Bula), Lena Papini (ex A Banca e também na Bula), a banda cover abriu o repertório com “Há tempos”, “Teorema”, “Ainda é cedo” e “Eu sei”.
Embora o show fosse marcado pelos hits da Legião Urbana, o grupo não deixou a desejar os novos arranjos que complementaram cada versão. Alguns fãs esticaram seus braços para estender bandeiras em homenagem à banda de Brasília, fazendo com que o vocalista da Urbana Legion enaltecesse o momento: “Esse show é de fã para fã!”, destacou Egypcio.
Em seguida, as canções “Daniel na cova dos leões”, “Geração Coca-Cola” e “Quase sem querer” fizeram parte do setlist dos caras, assim como “Apóstolo São João”, letra inédita de Renato Russo.
O público também cantou junto as músicas “Tempo perdido”, “Será” e a melancólica “Vento no Litoral”, mas o encerramento da apresentação da Urbana Legion voltou ao êxtase com as músicas “Índios”, “Pais e filhos” e a questionável “Que país é este?”.
Um rock que nasceu lá no Sul…
Fecharam-se as cortinas para os preparativos do segundo show da noite. Enquanto o Humberto Gessinger aquecia a voz para subir ao palco, o fã Everton Amaro, 30, contou ao Blog Rock 80 Brasil que esta seria a primeira vez que presenciaria um show do eterno líder dos Engenheiros do Hawaii, banda que da qual ele começou a ouvir ainda na adolescência, por influência de seus pais.
“Comecei a ouvir as músicas do Gessinger aos 16 anos (2004), mas nunca tive a oportunidade de ver um show dele ao longo da carreira”, ressaltou o fotógrafo. O jovem que estava vestido com uma camiseta clássica da formação GLM (Gessinger, Licks & Maltz) – que pontuou ser o seu disco favorito – falou sobre a expectativa de ver o gaúcho em sua atual fase: “Acompanho as novidades do Humberto pela internet e o admiro muito, então estar aqui hoje é quase uma realização pessoal. Espero que ele toque as clássicas”.
E assim foi feito!
Às 23h45, Humberto Gessinger surgia ao som da introdução de “Revolta dos Dândis I”. Mesclando os sucessos de “Infinita highway” e “Até o fim”, os fãs cantavam cada estrofe sem cessar um minuto, bem como em “Desde aquele dia”, “Vozes” com “Terra de Gigantes” e “Dom Quixote”.
Mesmo com mais de 30 anos de carreira embalados em seus hits, Gessinger também apresentou as canções recém-lançadas, intituladas “Cadê?”, “Saudade zero”, “Das tripas, coração” e “Pra caramba”.
O público formou um coral em “Refrão de bolero”, “Piano Bar” e “Pose”. As canções “Vida real” e “A Revolta dos Dândis II” fizeram parte do setlist e a “3×4” teve um solo de batucada no bumbo de Rafa Bisogno, baterista e percursionista que acompanha Gessinger desde 2013.
Entre guitarra, violão e bandolim, Felipe Rotta fazia um show a parte em cada melodia, como aconteceu em “Eu que não amo você”, “Somos quem podemos ser” e “Pra ser sincero”.
Antes de encerrar a noite com mais um show da turnê “Ao vivo pra caramba”, o trio tocou “Exército de um homem só”, “Rádio pirata” (RPM), “Toda forma de poder” e, com um arranjo reggae (sim!), eles fecharam com “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones”.
Capital Inicial e a sua autenticidade no palco
A madrugada se estendia, e isso não foi sinônimo de desânimo para o público que aguardava a terceira banda se apresentar no festival.
Para a estudante de psicologia Bárbara Rizzo, 22, a Capital Inicial é a melhor banda de rock. E ainda disse ao blog que, influenciada pelo tio, começou a ser fã do grupo aos oito anos. “Comecei a ouvir as músicas deles ainda criança. Com 12 anos, já tentava ir aos shows, mas não rolava por causa da idade [risos]”, confessou a jovem.
Tudo pronto!
Dinho Ouro Preto emplacou o show com “Tudo vai mudar” e, durante, “Não me olhe assim” – singles que farão parte do novo álbum da banda, “Sonora” (ainda sem data para lançamento).
Após as novidades, os hits “Quatro vezes você”, “Independência” e “Todas as noites” embalaram os fãs em São Bernardo do Campo/SP. Era evidente que as gerações presentes na arena sabiam de cor e salteado cada letra, fato comprovado em “Leve desespero” e “Olhos vermelhos”.
A voz do público predominou quando a banda, formada por Dinho no vocal, Flávio Lemos no baixo, Fê Lemos na bateria e Yves Passarell na guitarra, tocou “Primeiro erros”, a agitada “Vamos comemorar” e “Não olhe para trás”, além de “Só os loucos sabem” com a participação do ex-integrante do Charlie Brown Jr, o Marcão.
Voltando ao passado, os caras resgataram as canções “Música Urbana”, “Fátima” e “Veraneio vascaína” do Aborto Elétrico e ainda surpreendeu o público com a versão de “Otherside”, do Red Hot Chili Peppers.
Com tantos sucessos, a Capital Inicial não esqueceu de “Nathasha” e “A sua maneira”. E, antes de se despedirem definitivamente, o bis foi marcado pelas músicas “Cai a noite”, “Que país é este?” (Legião Urbana) e “Mulheres de Fases” (Raimundos).
Fotos concedidas gentilmente pelo fotógrafo Anderson Carvalho, d’A Rádio Rock/SP