/“Fiquei lisonjeado por ele ter aceito o convite”, ressalta Nei Van Soria sobre a participação de Humberto Gessinger em “30 Anos e 3 minutos”

“Fiquei lisonjeado por ele ter aceito o convite”, ressalta Nei Van Soria sobre a participação de Humberto Gessinger em “30 Anos e 3 minutos”

Tudo começou na década de 1980 para Nei Van Soria, na capital portalegrense. Ele integrou à banda TNT – e também Os Cascavelletes – no início da era Rock Gaúcho, participando da gravação do disco “Rock Grande do Sul”. Depois, em 1991, decidiu seguir carreira solo. Mas nunca esteve sozinho.

Dentre tantos discos já lançados, no ano de 2017, Nei decidiu fazer diferente ao voltar de Londres, como ele mesmo disse em entrevista exclusiva ao blog Rock 80 Brasil, “dar uma sacudida na cena do Rock Gaúcho”. Então nada como chamar os velhos amigos para integrar ao seu novo projeto: um álbum feito com parceiros de estrada.

Acho que o melhor ainda está por vir…

Na terça-feira, 20, Nei disparou nas suas mídias sociais um novo vídeo clipe, intitulado “30 Anos e 3 Minutos”, ao lado de um cara que começou, também em Porto Alegre nos anos oitenta: Humberto Gessinger.

“Surgiu a ideia de fazer um álbum com convidados, um álbum de duetos (além do Festival Rock Gaúcho – edição Independência). Mas, na contramão do clichê que envolve esse tipo de projeto, onde velhos sucessos requentados fazem o set list, propus a todos nos encontrarmos para escrever material inédito especialmente para este álbum”. Ressaltou Nei que ainda destacou que o nome do eterno líder dos Engenheiros do Hawaii foi um dos primeiros a aparecer na sua lista: “Fiquei lisonjeado por ele ter aceito o convite!”.

Hey, Alemão!
Voamos com os pés no chão…

Para quem ainda não ouviu a canção, a letra de “30 Anos e 3 minutos” remete a uma conversa entre amigos de longa data. Os gaúchos compuseram juntos. E perguntamos ao Nei como foi esse processo.

“Quando nos encontramos para compor, ficamos conjecturando sobre o que falar…”, mas Gessinger, como pontuou Nei, fez uma proposta: “Vamos falar da gente!”

E falaram!
As estrofes são divididas entre o Nei e o “Alemão”, que falam sobre a passagem do tempo: passado e presente – e o futuro, por quê não? – O Nei ainda detalhou a inspiração na hora de escrever: “Olhamos para frente, sem esquecer do passado que nos trouxe até aqui!”.

Que bom, que bom… 
Que não foi em vão

A singela “30 Anos e 3 minutos” entrará para o álbum “Duetos”, que além de Humberto Gessinger, também contará com a participação de mais uma banda do Rock 80 Brasil, a Nenhum de Nós – além de outros artistas gaúchos.

Por isso, e para não cair no conto “mais do mesmo”, Nei Van Soria analisou sobre o que já foi feito na cena Rock Gaúcho e a importância de permanecer dentro desse conjunto.

“Esse álbum, Duetos, foi um salto no escuro; um exercício de desprendimento e liberdade que me ensinou muito! Trabalhar (na verdade, eu chamo isso de diversão!) com artistas que têm estilos reconhecidos e carreiras sólidas foi um desafio recompensador e que me fez refletir sobre tudo que já foi feito nessa cena que hoje chamamos de Rock Gaúcho. Me mostrou, também, que continuar esse movimento, seguir produzindo, é fundamental para alimentar as pessoas que curtem esse estilo, com música de qualidade, num momento do cenário musical brasileiro tão desprovido de conteúdo.”

E ele também nos disse como enxerga este projeto para além da proporção artística:

“E, acima de tudo, entender que, artisticamente, produzir e colaborar com outros músicos faz com que seja possível manter a (minha) sanidade mental! “Duetos” é uma celebração da vida musical!”

Somos todos iguais! 
Todo mestre é aprendiz…

Como já sabem, o Soria fez parte de uma era do Rock Gaúcho que marcou a música, se destacando na capital do Rio Grande do Sul. Então perguntamos a ele o que mudou de lá pra cá, desde a sua época – ao lado dos garotos dos Engenheiros do Hawaii e do Nenhum de Nós – para as bandas atuais.

“Eu vejo que a única diferença é o momento histórico. O ponto, no tempo, em que um ocorreu e o outro está ocorrendo. Vejo que trata-se de um mesmo movimento, uma mesma vibração, um mesmo direcionamento e necessidade que estão interligados através do tempo. Os meios, hoje, estão disponíveis para acessar tudo em qualquer lugar, a partir de qualquer lugar. Um ponto importante que, talvez, diferencie os distintos momentos seja a maturidade que, hoje, temos… Estou na estrada fazendo shows e gravando discos há mais de 30 anos. Não sou o único! Estou igual, mas não sou o mesmo! Tentando sintetizar, não vejo que haja diferença das fases do Rock Gaúcho, pois somos todos um só!”, finalizou Nei.

 

30 Anos e 3 Minutos
(Van Soria/Gessinger)

Hey Nei
Lembra aquele solo, lembra aquela Tele na televisão?
Eu sei, pouca gente lembra
Loucos eram eles que diziam não

Hey Alemão
Acho que o melhor ainda está por vir
Depois de tudo que se viu
Still my guitar gently weeps

Impérios ruiram
Flores brotaram
Nos 3 minutos
De uma canção

Hey Nei
Lembra aquela frase, lembra aquela ponte pro refrão?
Que bom fazer a travessia
Do outro lado havia uma multidão
 
Hey Alemão
Voamos com os pés no chão
Eu lembro do som de cada esquina
Do rosto da menina em meio a multidão

Impérios ruiram
Flores brotaram
Nos 3 minutos
De uma canção

Que bom, que bom
Que não foi em vão
Que bom, que bom
Que não foi em vão

Impérios ruiram
Flores brotaram
Nos 3 minutos
De uma canção

Hey Mr. Fantasy
Grato pelo som que me faz feliz
Somos todos iguais
Todo mestre é aprendiz

 

Nei Van Soria
http://www.neivansoria.com/

Humberto Gessinger
http://www.humbertogessinger.com.br/

Jornalista, apaixonada por música, café e literatura. E atua como redatora do blog Rock 80 Brasil desde agosto de 2012. Portfólio: http://ellenvisitario.wixsite.com/portfolio