O blog Rock 80 Brasil bateu um papo com os três “bichos de pau”, que estão em pleno processo de gravação de um CD. Vamos conferir o bate-papo:
Blog Rock 80 Brasil: Como pode ser definido o Bicho de Pau?
Guto: O Bicho de Pau, na minha cabeça e compreensão, é a arte de produzir sons e fazer ele acontecer a partir de instrumentos de pau (madeira). Eu percebo tudo isso de forma, muito primitiva e ao mesmo tempo acho moderníssimo. As coisas são cíclicas na vida e por isso esse rock/fusion, latin, afro-brasileiro volta com frescor e originalidade incomuns.
Rique: Um casamento que tinha tudo para dar errado, dando certo (risos)!
Blog Rock 80 Brasil: Como surgiu a ideia de montar o grupo?
Guto: O Rique Seraphico é meu amigo de antes do Barão Vermelho. Tocamos juntos em grupo de rock progressivo na juventude. Ele me convidou para fazermos um duo roqueiro tocando temas cheios de convenções etc. Eu disse a ele que me interessaria, mas incluindo um percussionista, que teríamos uma variedade e que a linguagem rítmica se multiplicaria com esse reforço. E foi o que aconteceu, o Cesar Brunet foi convidado e topou. Ele é irmão do Peninha, que toca comigo no Barão.
Blog Rock 80 Brasil: Por que a escolha do instrumental?
Cesar: Foi acontecendo naturalmente, aflorou este som e não sentimos necessidade de colocarmos um cantor. Eu acho que foi muito importante essa junção da percussão com a bateria e o stick bass, porque geralmente as pessoas escutam uma música com melodia, harmonia e já estão acostumadas a isso. No Bicho de Pau a pessoa vai encontrar algo diferente, no caso a parte rítmica é quem realmente determina as coisas.
Blog Rock 80 Brasil: Cada um traz uma bagagem musical diferente – o Guto o rock, o César a música latina e você o rock progressivo. Como juntar tudo isso em uma única proposta?
Rique: Claramente, a meu ver, uma questão de respeito mútuo, aceitando o input e musicalidade que cada um tem a oferecer ao grupo, sem julgamento, com uma mente aberta, sem ter definições e expectativas definidas em relação ao produto final. Tudo é bem recebido e explorado pelos três, até acharmos algo que funcione e que agrade a maioria dentro do grupo.
Blog Rock 80 Brasil: O que muda na bateria de um grupo com voz para um instrumental? Exige mais do baterista?
Guto: Com certeza no instrumental existe mais espaço para ser preenchido num tema sem a voz principal. Uma música com letra deve ser pontuada pela bateria, reforçando as principais frases da música. No instrumental a música tem que ganhar o espectador, e todas as passagens, intensidades, calibres e dinâmicas, tem que rolar do volume 0 ao 100. Tem que fazer mágica, ou seja tocar mesmo!
Blog Rock 80 Brasil: No grupo a sua percussão tem que ocupar 33,333% do espaço. Como equililbrar os diversos sons e instrumentos entre a bateria e o stick bass?
Cesar: É puro sentimento o que eu faço. Acho que minha mãe deixou essa herança pra mim. Minha mãe foi dançarina muitos anos do Dancing Brasil, furando cartão e dançando com os clientes. Carrego essa musicalidade até hoje comigo. No trio todo mundo tem que tocar.
Blog Rock 80 Brasil: Falando em Stickbass. Porque a escolha deste instrumento nada usual, em um formato de grupo nada usual, tocando música instrumental, nem sempre tão usual?
Rique: Justamente por tudo que menciona, achamos que seria o instrumento ideal para trazer uma sonoridade e visual totalmente inusitado, inesperado e excitante. É hora de mudanças, de experimentarmos e ousarmos de novo; há muito não se via isso no Brasil. A meu ver o mercado, principalmente o brasileiro, está estagnado há muito tempo, nada realmente novo acontece. A proposta do Bicho De Pau traz tudo isso e muito mais. É diferente, novo “a bit fresh of air” para o mercado instrumental de música. Tem um pouco de tudo ali, para todos os gostos.
Blog Rock 80 Brasil: Vocês já fizeram algumas apresentações. Quais os próximos passos do grupo? Já está concretizada a ideia de gravação de um trabalho autoral?
Guto: Sim. Queremos terminar de gravar um CD; já gravamos 5 faixas e faremos mais 3 novas. Se estiver bonito com 8, será feito. Se acharmos pouco, faremos mais 2 e teremos 10 faixas, todas autorais. A maioria das composições são do Rique. Mas eu apresentei 2 temas, e tenho mais alguns na manga (risos)
Além disso, Guto fez a produção musical e de vídeo de uma linda versão de Aquela do Brasil.