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Augusto Licks, o último guitarrista do rock nacional



Texto: Marcelo Augusto Fernandes

No final da década de 80, na minha adolescência, vi um cara tocando guitarra numa banda de rock chamada Engenheiros do Hawaii, da qual virei um super fã. Esse guitarrista me surpreendia e ficava imaginado como pode uma só pessoa fazer esse som de guitarra? Esse cara é Augusto Licks.
A partir daí comprei uma guitarra, estudei música e passei a pesquisar sobre a banda em uma época que não existia internet. Augusto Licks era o mais experiente da banda com trabalhos já consagrados no Sul.  Eu tentava tirar os solos na guitarra e quando conseguia pelo menos 30 segundos era uma festa. Como sempre fui fã dele e meu sobrenome é Augusto, a galera começou a me chamar de Augustinho. Não cheguei a tocar 10% do que ele toca, mas para mim era uma honra.
Bom… Augusto Licks ganhou prêmios, fez uma apresentação histórica no Rock in Rio e deixou sua marca no Rock Nacional. Por uma ironia do destino a banda acabou. Apesar disso, Licks estava presente na minha coleção de discos, nas reportagens de revistas que guardava, na minha vasta gravações de VHS´s e, principalmente, nos acordes da guitarra.
O tempo passou e então ele aparece com o projeto “Do quarto para o mundo”, um workshop e troca de ideias sobre música, ou seja, mostrar seu conhecimento para fãs, músicos ou pessoas que gostam de música. Acompanhei esse projeto por anos até que chegou a oportunidade, ou seja, seria realizado em São Paulo.
No dia 12 de março de 2016, dois dias após completar 41 anos, chego na Avenida Paulista duas horas antes do evento. Por sorte, coincidência ou pelo destino me dar esse prêmio,  andando pela Paulista dou de frente com os produtores do projeto Rodrigo Pedrosa e Manu Meneses juntamente com quem? – AUGUSTO LICKS!
De início os produtores me conheceram e me apresentei ao melhor guitarrista do Rock Nacional, que carregava uma bag onde imaginava qual seria a guitarra que carregava. O cara foi de uma simpatia espetacular, super educado e me deixou bem à vontade.  
Logo esperei alguns minutos e me dirigi ao local do evento, onde fui o primeiro a chegar. O dia estava ao meu favor e recebo esse presente de aniversário e dou de cara novamente com Licks.  Conversamos sobre diversos assuntos, parece que nos conhecíamos a tempo. Falamos sobre música, sobre as crianças no mundo musical e outros assuntos. Tirei fotos, pedi autógrafo, ou seja, tudo que um fã pode sonhar. Isso foi um momento mágico e nessa hora vi que sou um cara de sorte.
A galera foi chegando (galera de 16 a 40 e poucos anos) e com isso começa o workshop. Foram praticamente cinco horas de conhecimentos sobre a evolução da música, guitarras, pedais de efeitos, bandas, o que o músico deve fazer para não se afundar e assuntos sobre a carreira. O que me impressiona é que, além de bom músico, ele é um ótimo palestrante, pois a galera nessas horas sempre esteva atenta as suas palavras.
No final a guitarra que esperava era a Steinberger 06, sonho de qualquer guitarrista. Deu algumas canjas e foi de emocionar. Fiquei alucinado olhando Licks tocar e passou um filme em que, no final, valeu a pena cada segundo nesse local.
No meu ponto de vista, Augusto Licks é o último guitarrista do rock nacional. Hoje, infelizmente, não encontramos aquele cara que se destaca pela guitarra, ou pelo solo ou pela atitude. Nessa época de internet o que salva é rever tudo isso pelo youtube.
E que venham novos trabalhos de Augusto Licks.

Fabricio Mazocco é jornalista, doutor em Ciência Política, professor universitário, fã de rock e criador do blog Rock 80 Brasil.