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Entrevista – Carlos Maltz

E quem disse que em tempos de sertanejo universitário e outras coisitas mais não surgiria um novo rei do rock? Pois é. Esse novo rei arrasta multidões e tem John Lennon dando uma super força. Quem pode falar um pouco melhor disso é outro astro do rock, do nosso Rock 80 Brasil. Carlos Maltz está lançando o seu segundo livro “O Último Rei do Rock” (Bela Letras). O ex-baterista dos Engenheiros do Hawaii, em entrevista exclusiva ao blog Rock 80 Brasil, falou do novo livro e … de rock, é claro. Confira abaixo a entrevista:

Blog Rock 80 Brasil: “O Último Rei do Rock” é o título do seu último livro. O que ele tem em comum com o anterior, o “Abilolado Mundo Novo”?
Maltz: “O Último rei do Rock” tem pouco em comum com o “Abilolado Mundo Novo”. “Abilolado” é um diálogo fictício que acontece na internet. “O Último Rei” já é ficção mesmo. Acho que caminhei pra frente esteticamente. Assumi meu posto.  “Abilolado” foi um primeiro passo, titubeante, indeciso. “O Último Rei” já é um passo mais firme em uma direção escolhida: a ficção. O que tem em comum entre ambos é o diálogo, que de certo modo é personagem principal dos dois. Sou um apaixonado pelo diálogo. Ganho a vida com o diálogo em meu consultório psicológico. Passo horas por semana dialogando com estranhos no twitter e o diálogo é o personagem principal de meus dois primeiros livros. O encontro com o outro. No “Abilolado Mundo Novo” o diálogo é a própria forma do livro. Tudo é diálogo. E no “Último Rei do Rock” o diálogo entre Juan LMK (personagem principal que nasceu no dia que John Lennon morreu) e o seu próprio “outro” interior é o matrix do livro, onde tudo acontece.

Blog Rock 80 Brasil: Você acredita que o rock ainda possa ter um novo “rei”?
Maltz: O rock está morto, mas o rock nunca vai morrer. O rei está morto, viva o novo rei! Meu voto vai pra Juan LMK, o Último Rei do Rock. Será?

Blog Rock 80 Brasil: Por que a escolha de John Lennon como passagem do personagem Juan?
Maltz: John Lennon pra mim é o maior, o arquétipo vivo. É o gênio pensante do rock. Gostaria de ter o John aqui, nesse mundo em que vivemos, para ouvir o que ele teria a dizer. A ficção me permite fazer isso. Trouxe o John de volta para poder dialogar com ele, através do Juan LMK. Que tipo de diálogo eu poderia ter com Gene Simmons (KISS) ou Nikki Sixx (Mötley Crüe)? Além do mais, o John era um cara super chegado em diálogo também. Ele também era um ser dialógico. Ele também gostava do diálogo. Não era como a maioria dos pop-star que são uma espécie de autistas chatos pra caralho que falam pelos cotovelos e não têm interesse na opinião dos outros. O John não era assim. Ele gostava de polêmica. Era um provocador profissional, colocava as pessoas pra pensar. Talvez uma das profissões que estejamos mais em falta atualmente: provocador de pensamentos profissional.


Blog Rock 80 Brasil: Você acredita na “volta” do sucesso do rock como aconteceu na década de 80?
Maltz: Não acredito que o rock ainda venha a ter o impacto que teve no mundo nos 1960’s, e no Brasil nos 1980’s. Na verdade, a gente tava vivendo nos 1980’s no Brasil o que aconteceu no mundo nos 1960’s. O delay foi por causa da ditadura militar. O rock já uma peça de museu, como a fita K7 e disco de vinil, as tecnologias que o viram crescer. O rock continua existindo, tem seu clube de aficionados e talz. Mas, obviamente, não tem mais a vitalidade e a força de impactar o mundo que tinha no passado. A maior parte dos artistas do rock de hoje, com honrosas exceções, como o Muse, se dedica a uma espécie de fetichismo retrô. Meu próximo livro, que está no forno, vai tratar desse assunto.

Blog Rock 80 Brasil: Você fez parte do rock brasileiro. Sente falta do que viveu naquela época?
Maltz: Não sou de sentir falta. Procuro a fonte em mim mesmo, não nas coisas que me acontecem. Não brigo com o Tempo. Ele sempre tem razão, até mesmo quando erra. Às vezes.

Blog Rock 80 Brasil: Qual seu próximo projeto?
Maltz: Estou escrevendo um livro novo, uma ficção mais curta que “O Último Rei do Rock”. Tem a ver com o mundo do rock também.

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