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RockDisco – Exagerado, do Cazuza

Em 1985 o Brasil pulsava seu rock 80 Brasil. No Rock in Rio, o nosso rock Brasil mostrou que não estava para brincadeira. E um dos grupos responsáveis por isso foi o Barão Vermelho, que exalou o bom rock n´ roll para aquele imenso público. Mas se no palco o quinteto Cazuza, Frejat, Dé, Guto e Maurício estava afinadíssimo, o mesmo não acontecia nos bastidores. E foi neste mesmo ano, às vésperas de entrar no estúdio para a gravação do quarto disco da banda, que o vocalista Cazuza decide seguir carreira solo. Cazuza lançou o álbum “Exagerado” em 1985 e emplacou sucessos como a faixa-título, “Mal Nenhum” e “Codinome Beija Flor”. Confira abaixo o texto do saudoso Ezequiel Neves sobre este disco, publicado no site do Cazuza. E lembre-se, ouça as músicas, mas sempre compre o CD original.
“Às vésperas de entrarmos em estúdio para gravarmos o quarto disco do Barão, em julho de 1985, Cazuza decidiu sair do grupo para seguir carreira solo. O fato era explicável; filho único não costumava dividir nada com ninguém e os atritos com os outros garotos já vinham acontecendo há vários meses: ‘the thrill is gone’. Fui franco com ele: ‘Você é ótimo, mas a banda também é ótima. Fico com você e com o grupo’. Ele arregalou os olhos, mas percebeu que eu tinha razão. Topou. 
Partimos então para a escolha das músicas de seu primeiro disco-solo: o Barão ficaria com metade do repertório do quarto disco, que ainda seria com o cantor e letrista Cazuza, e este com a outra metade. Isso incluia petardos como ‘Exagerado’, ‘Mal nenhum’, ‘Só as mães são felizes’ (que posteriormente teve a execução proibida em todo o território nacional), ‘Cúmplice’ e ‘Boa vida’. Cazuza comporia, mais tarde, a obra prima ‘Codinome Beija-flor’. 
Resolvemos entrar nos estúdios da Som Livre em setembro e procuramos Nico Rezende para assinar os arranjos e a co-produção musical. Nico já havia produzido conosco ‘Amor, amor’, lado B do compacto ‘Bete Balanço’ e quando lhe mostramos o material para o disco ficou pasmo. ‘O LP já está pronto, o repertório é um arraso’- falou. Mas não foi tão fácil assim.
Nico, além de cuidar dos teclados, recrutou músicos excelentes, entre os quais Rogério Meanda, excelente guitarrista e que mais tarde, se tornaria parceiro de Cazuza. Rezende, porém, queria enfatizar os teclados e Cazuza e eu preferíamos encher o disco de guitarras. Foi o que fizemos, mas a discussão maior foi quanto ao arranjo de ‘Codinome Beija-flor’. 
Reinaldo Arias, autor da música, fez um arranjo horrendo calcado num hit da época, o também horrendo ‘Maniac’. Eu insistia em moldura super-romântica, uma balada acústica à base apenas de piano, violinos e voz. Nico achou um absurdo e disse que aquilo não podia ser mais pobre e antigo. Respondi que todos iam ficar de quatro com aquela simplicidade moderníssima. Cazuza concordou comigo, mas tive de dar escândalo, espernear para Nico concordar. 
‘Codinome Beija-flor’ era uma das letras mais geniais de Cazuza, sensível ao extremo, algo de um poeta da maior categoria. O fato é que além de ‘Exagerado’ ter se tornado uma espécie de ‘grife’ de Cazuza, ‘Codinome Beija-flor’ transformou-se em um sucesso eterno.”

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