/O recomeço de Humberto Gessinger

O recomeço de Humberto Gessinger

Na twitcam deste mês de outubro, Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii e Pouca Vogal) foi perguntado sobre seus próximos passos. A resposta: muitos planos e nada certo. Pois é, agora há um “novo” caminho que Gessinger irá trilhar, e sozinho, conforme ele contou com exclusividade ao blog Rock 800 Brasil.
Em razão dos quatro anos do Pouca Vogal (Gessinger + Duca Leindecker) completados na semana passada, o blog Rock 80 Brasil falou com  Gessinger, que contou um pouco sobre os caminhos deste projeto e o que vem por aí. Isso mesmo, Gessinger fará agora carreira solo e cheio de parceiros (novos e antigos). O blog Rock 80 Brasil deseja todo sucesso a Gessinger neste recomeço e publicamente se coloca à disposição para informar os fãs de fé dos próximos passos. Confira a entrevista abaixo.
Depois de 23 anos com Engenheiros do Hawaii, como foi começar um novo projeto, o Pouca Vogal?
Gessinger: Já nos Engenheiros do Hawaii, a ideia de recomeço estava sempre presente. Desde o início e não só nas mudanças de formação. Cada disco, cada troca de instrumento, cada nova canção e tour era um recomeço. Claro que com o Pouca Vogal o risco era maior. Havia o formato completamente novo e a assimetria entre as histórias das nossas bandas e entre nossas trajetórias. Eu sempre fui 100% focado no meu trabalho autoral, o Duca já circulou por outras vias, acompanhando pessoas, produzindo…. Mas no fim, acho que estas diferenças nos fortaleceram. 
Na criação do Pouca Vogal houve a preocupação de se distanciar do que vinha fazendo em termos de composição?
Gessinger: Não. “Pra quem gosta de nós” quase foi gravada pelos Engenheiros do Hawaii e “Voo do Besouro” ou “Tententender” ficariam ótimas com a última formação dos EngHaw. A composição, para mim, é a faceta mais mística (quase sagrada) de todo o processo. Nunca tento domá-la. Na verdade, tento não pensar sobre ela. Só penso para tentar responder perguntas como esta (risos).
Da ideia inicial, o que mudou no Pouca Vogal nesses quatro anos?
Gessinger: O Duca se manteve fiel aos arranjos e aos instrumentos que usou desde o primeiro ensaio. Eu incorporei as percussões com os pés, synth, sanfona, vocoder… o que reflete nossa maneira de ser enquanto artistas. É mais uma das diferenças que nos fortaleceram: Duca mais sossegado e eu mais inquieto. Mas a principal mudança não foi nossa: foi o tempo que fez as pessoas entenderem melhor do que se tratava. No bis, pra fechar o show, temos tocado Infinita Highway. Em alguns momentos da música eu faço baixo com pé direito, percussão com o esquerdo e toco harmônica e violão enquanto Duca faz bumbo e pandeiro com os pés e sola na guitarra. Esta é a lembrança que vou guardar desta fase do Pouca Vogal: intensidade total – o novo e a tradição de mão dadas.
O Pouca Vogal chegou onde deveria chegar, ou tem mais estrada por aí?
Gessinger: Chegou onde eu sonhava. Orgulho-me do projeto e da coragem e habilidade que tivemos para fazê-lo decolar. Acho que ele permanece como um porto para onde podemos retornar de vez em quando. Nossa relação é muito tranquila e prazeirosa. No início de 2013 começo a gravar canções do que será meu primeiro disco solo. Por que solo? Porque já tem sido assim há mais de uma década, estarei só dando nome aos bois. E porque, nele, quero tocar com várias pessoas. Muitas mesmo. Alguns que já tocaram comigo em diferentes fases dos EngHaw e novos parceiros que venho conhecendo. Fico feliz de ter cada vez mais parceiros de jornada. Ao meu lado no palco e ao meu lado na infinita highway : os De Fé. Mais um recomeço aí!!

*Foto: Renata Dirrah/G1

Fabricio Mazocco é jornalista, doutor em Ciência Política, professor universitário, fã de rock e criador do blog Rock 80 Brasil.